O Ministério da Saúde está revendo a estratégia de distribuição das vacinas contra a dengue, visando otimizar a utilização das doses com base em um novo critério estabelecido pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI). A ministra Nísia Trindade anunciou essa medida em uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (20).
De acordo com a ministra, a nova abordagem considerará os dados epidemiológicos mais recentes e os níveis de estoque de vacinas em cada estado brasileiro. "Estamos trabalhando com respaldo dos conselhos estaduais e municipais de saúde e do nosso comitê técnico para que possamos aproveitar as vacinas que não foram utilizadas neste momento. Vamos fazer a redistribuição das doses que não foram aplicadas usando um ranqueamento dos municípios que estão em emergência por dengue", explicou.
Até o momento, foram distribuídas 1,5 milhão de doses das vacinas, provenientes do lote recebido do fabricante, sendo que 435 mil foram administradas. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, anunciou que em breve será divulgada uma nota técnica com diretrizes sobre a redistribuição das doses dentro dos estados prioritários para a vacinação.
"Nosso novo critério é priorizar os municípios com maior incidência de casos de dengue para receber essas doses", destacou a secretária, ressaltando a complexidade logística envolvida na distribuição.
Além disso, durante a entrevista, foi informado sobre a alocação de mais de R$ 300 milhões para o reforço do Componente Básico da Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente para medicamentos que tratam os sintomas da dengue.
O Ministério da Saúde também tem fornecido apoio financeiro aos estados e municípios que declararam emergência em saúde pública devido à dengue ou outras crises sanitárias. Até o momento, foram destinados R$ 79 milhões para esse propósito.
Esses recursos são provenientes de uma portaria voltada para a implementação de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos à saúde pública em situações epidemiológicas, de desastres ou de desassistência à população. Para receber o financiamento, o estado ou município deve enviar ao governo federal uma declaração de emergência em saúde. Os repasses serão feitos mensalmente durante a vigência do decreto de emergência.
"Neste momento, nosso foco principal é continuar controlando e combatendo o mosquito. Devemos priorizar a prevenção de casos graves ou assegurar que sejam adequadamente tratados", reforçou Nísia Trindade. A ministra enfatizou a importância de eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti para evitar a propagação da doença, uma vez que não há doses de vacinas suficientes para toda a população.
Em relação ao panorama epidemiológico, o Brasil registrou até agora 1,9 milhão de casos prováveis de dengue e 630 mortes. Foram emitidos 350 decretos municipais e 11 decretos estaduais de emergência devido à doença.
A taxa de letalidade por dengue diminuiu nas dez primeiras semanas epidemiológicas de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, indicando uma redução nas taxas de mortalidade. Esse indicador é fundamental para monitorar o número de óbitos em relação ao número de pessoas doentes.
Na entrevista, a secretária Ethel Maciel também detalhou as comorbidades mais comuns em relação à idade dos pacientes com dengue, destacando a importância de considerar esses fatores na abordagem da doença.
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